quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Quando o Tribunal de Justiça encontra o Direito Achado na Rua

“As pessoas têm direito de falar. As pessoas querem debater seus direitos, querem expor as ideias que são construídas, encontradas em seus coletivos, em seus espaços e relações cotidianas. Querem defender seus direitos achados na rua, entendendo rua como evidente metáfora de espaço público, onde mora o acontecimento, como afirma o jurista, professor da Universidade de Brasília, José Geraldo de Sousa Júnior”.

Eis a colocação que atravessou a monotonia desta tarde de 4ªf (04/10) no TJDFT, realizada pela advogada Ísis Táboas na sustentação oral junto à apelação em que o deputado ruralista Valdir Colatto processa por dano moral Fábio dos Santos, um integrante da “Campanha Permanente Contra Agrotóxicos e Pela Vida”, por ocasião da sua fala como convidado em uma audiência pública na Câmara dos Deputados.

A ação judicial do ruralista tem evidente caráter de criminalização e censura, cerceando a liberdade de expressão dos movimentos sociais no ambiente institucional de debate político, e de quebra utilizando o judiciário para perseguir e bloquear as ideias e a luta política por direitos em face das multinacionais que controlam o agronegócio.

Não vingou. O deputado perdeu em primeira instância e agora novamente na apelação, com destaque para o fato de que todos os desembargadores presentes à sessão pediram a palavra para não apenas majorar os honorários de sucumbência em razão da erudição e eloquência da sustentação – não é todo dia que veem os seus processos associados ao poeta Carlos Drummond e ao professor José Geraldo – mas sobretudo ressaltar a sua reverência ao professor José Geraldo e ao Direito Achado na Rua, ao passo em que, enquanto o Presidente da Turma citava Lyra Filho, para enturmar, o Relator emendou: “uma das minhas tristezas por não ter estudado na UnB é não ter sido aluno do famoso professor José Geraldo de Sousa Júnior!”




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